sábado, 28 de novembro de 2009

Como Funciona a Escalada Ao Everest


Introdução O Monte Everest está situado literalmente no topo do mundo, elevando-se a 8 850 metros (29.035 pés) acima do nível do mar. Assim que foi coroado como a montanha mais alta do mundo, os alpinistas inevitavelmente sentiram-se tentados a escalá-lo. E muitos falharam. Enquanto mais de 2 mil pessoas tiveram sucesso, praticamente 200 perderam suas vidas tentando a escalada. Monte Everest visto da montanha ao lado, Kala Patthar Então, por que escalar o Everest? A resposta mais famosa para essa pergunta veio do alpinista George Mallory: porque está lá".O Everest nem sempre foi considerado o rei das montanhas. Foi em 1852 que um matemático e topógrafo Bengali chamado Radhanath Sikhdar determinou que o "Pico XV" era o ponto mais alto da Terra. Em 1865, a descoberta de Sikhdar foi confirmada. O topógrafo geral da Índia, Sir Andrew Waugh renomeou a montanha para Monte Everest, por causa de Sir George Everest, o topógrafo geral anterior e supervisor dos trabalhos de topografia original que relacionaram o "Pico XV".Os nepaleses que vivem ao sul do Monte Everest sempre souberam que ele era especial. Eles o chamavam de Sagarmatha, que pode ser traduzido como "deusa do céu" ou "testa do céu".Os tibetanos que vivem ao norte da montanha a chamam de Chomolungma ou "deusa-mãe do mundo".Interesses políticos mantiveram os candidatos a escaladores fora do Everest por muitos anos após sua descoberta, já que nem o governo tibetano nem o nepalês queria receber estrangeiros em seus países. Mas em 1921, depois de muita negociação diplomática, o Tibete abriu suas fronteiras e a primeira de muitas expedições começou no lado norte da montanha. Uma destas expedições incluiu George Leigh Mallory e Andrew Irvine, de nacionalidade britânica. Sua expedição em 1924 foi a terceira viagem de Mallory até a montanha. Em uma tentativa em 1922, os escaladores atingiram recordes de altitudes antes que condições climáticas severas os forçassem a voltar. Durante aquela tentativa, uma avalanche matou sete sherpas. Na manhã de 8 de junho de 1924, Mallory e Irvine deixaram o acampamento mais alto no Everest em direção ao topo. Às 13:00h, foram vistos escalando a montanha, atrasados mas ainda fazendo progresso até o cume. Depois disso, nunca mais foram vistos novamente. Em 1999, uma equipe de investigadores localizou o corpo de Mallory na face norte do Everest a 8 235 metros. Há muito debate a respeito do fato de Mallory e Irvine terem chegado ao topo ou não, mas a maioria acredita que não. Em 1949, a situação política na região do Everest se inverteu e o Nepal abriu suas fronteiras, um ano antes do governo chinês fechar o Tibete. Os escaladores mudaram sua aproximação para o sul e, em 1953, Edmund Hillary, um alpinista e apicultor da Nova Zelândia e Tenzing Norgay, um sherpa, foram as primeiras pessoas a chegar ao topo da montanha. A sua conquista foi a primeira de muitas outras notáveis: Em 1963, James Whittaker tornou-se o primeiro americano a alcançar o cume do Everest; Em 1975, uma mulher japonesa chamada Junko Tabei tornou-se a primeira mulher a chegar no topo; Em uma incrível jornada, o americano Erik Weihenmayer tornou-se a primeira pessoa cega a escalar o Everest em 2001. A formação do Monte Everest Imagem cedida pela U.S. Geological Survey Em formato aproximado de pirâmide e coberto por geleiras, o Monte Everest é parte da cadeia de montanhas do Himalaia, que segue ao longo da fronteira entre o Nepal e o Tibete. Os Himalaias são montanhas em estrutura de dobra formadas há milhões de anos pela deriva continental. O oceano Tethys separou o subcontinente indiano do continente asiático. Com o tempo, o subcontinente indiano deslocou-se para dentro do continente principal e o mar foi puxado para cima para formar uma série de sulcos paralelos ou dobras. É incrível, mas as montanhas mais altas do mundo foram antes o fundo do oceano e ainda contêm fósseis marinhos. O Himalaia é uma cadeia de montanhas relativamente jovem, sendo formada a meros 60 milhões de anos, em contraste com cadeias montanhosas muito mais velhas, como os Apalaches. Na verdade, continuam crescendo. Esta contínua movimentação significa que o Himalaia eleva-se de 2 a 6 cm por ano. Toda essa atividade geológica cria instabilidade e gera terremotos ocasionais. Equipamento Os escaladores do Monte Everest necessitam de muito equipamento especializado, incluindo roupas, ferramentas e suprimentos. Esta não é, de forma alguma, uma lista abrangente, mas pode lhe dar uma idéia da quantidade de equipamento requerido. Se você está partindo para uma expedição guiada, deve verificar cuidadosamente o que está sendo fornecido. Você também deve testar todo o seu equipamento antes da viagem. Sapatos Botas duplas para grandes altitudes Os escaladores necessitam de vários pares de meias, abrangendo meias para caminhada, de lã e revestidas. Também necessitam de botas leves para caminhada bem como botas plásticas com revestimento para escalada. Estas devem ser grandes o suficiente para dar espaço aos pés e reduzir o risco da ulceração pelo frio. Almofadas aquecedoras e cabos estão disponíveis para manter as botas aquecidas e, dependendo do tipo de bota, você também vai precisar de sobrebotas térmicas. As polainas acompanham alguns modelos; do contrário, você precisaria delas para ajudar a manter os pés aquecidos e secos. Vestimenta O número de camadas é um fator importante na escolha da vestimenta. Existe uma grande variedade de temperaturas entre os acampamentos, dependendo do clima e hora do dia. Você precisará de roupas íntimas leves, de uma jaqueta com zíper de lã ou sintética, uma parca pesada tipo expedição e uma jaqueta com capuz Gore-Tex. Calças térmicas sintéticas, sobre-calças e um par de calças Gore-Tex, todas à prova de vento com zíperes laterais com separação total, também são necessárias. Uma balaclava grossa Para sua cabeça, você vai precisar de uma lanterna de cabeça com lâmpadas reserva e baterias; óculos para geleira com proteção lateral; óculos de esquiar; um boné ou viseira; um chapéu de lã e balaclavas tanto grossas como leves. Cachecóis sintéticos irão proteger seu pescoço. Você também precisará de um total de quatro diferentes pares de luvas: luvas leves e sintéticas para caber dentro das outras, luvas de lã tipo expedição, luvas à prova de água e luvas sem dedo tipo expedição. Ferramentas de alpinismo Acoplado às botas estão os crampons. Os alpinistas devem trazer pares reservas em caso de dano. Você também precisa de um arnês para escalada que caiba em todas as suas roupas, mosquetões, 3 com trava e 3 estacionários, um ascender, direito e esquerdo, um freio e prussiks, ou 12 metros de corda de perlon flexível de 6 mm para fazer os prussiks, além de uma picareta para gelo com uma tira projetada para esse tipo de ferramenta necessária para cruzar a Lhotse Face e escalar até o cume. O comprimento deve ser definido pela sua altura; se você estiver abaixo de 1,70 m, sua picareta deve ter 60 cm de comprimento; pessoas de 1,70 a 1,85 necessitam de uma picareta de 65 cm de comprimento. Você vai precisar também de corda para gelo. Mosquetões e freio Material de acampamento Dois sacos de dormir de boa qualidade (tipo expedição e classificado para pelo menos 20º e -40ºC), dois colchonetes infláveis e um térmico por acampamento, para colocar embaixo deles; em alguns acampamentos é melhor usar o dobro. Algumas ferramentas e materiais necessários para escalar o Everest Você pode precisar de várias barracas: uma maior para o acampamento base e outras menores, de alta qualidade e mais leves, para maiores altitudes. Uma bússola ou um pequeno GPS lhe ajudarão a chegar ao pico. Trazer dois fogareiros de titânio irá assegurar que pelo menos um deles funcionará quando você precisar e permitirá cozinhar mais rápido. Para cozinhar e comer, você precisa de duas panelas com tampas, canecas de plástico, uma garrafa térmica, uma colher e faca (como uma Leatherman), e um par de pegadores de panela. Muitos fósforos e isqueiros são necessários para o aquecimento e cozinha; certifique que os isqueiros são de boa qualidade, para que possam funcionar em grandes altitudes. Trazer um purificador químico de água irá reduzir a quantidade de água que precisa ferver e conseqüentemente, a quantidade de combustível requerida. Você precisará de duas garrafas plásticas além de uma garrafa de boca larga para urinar. A agência de viagens poderá fornecer gás e oxigênio, se for o caso. Grandes bolsas são necessárias para o transporte do equipamento, assim como uma mochila, você poderá necessitar de outra, menor, para caminhadas. A mochila de escalar precisa ter presilhas para sua picareta e outros acessórios. Protetor solar, protetor labial e uma pequena caixa de primeiros socorros devem estar em sua mochila. Equipamento eletrônico As câmeras são essenciais e comunicadores podem ser uma boa idéia. As baterias de lítio são mais duráveis e funcionam melhor em grandes altitudes. Um número maior de escaladores está trazendo outros equipamentos eletrônicos como laptops, câmeras de vídeo e telefones via satélite. Pessoas No início dos anos 90, escaladores experientes como Rob Hall começaram a organizar excursões em grupo, o que tornou o Everest acessível para pessoas menos experientes. Excursões pagas envolvem um líder de expedição, outros guias e a equipe de apoio. Há prós e contras em juntar-se a uma excursão guiada, mas se você estiver pensando nisso, os especialistas recomendam que você escale uma outra montanha primeiro. Até escaladores "solo" geralmente contratam sherpas para auxiliar na escalada; contratar um cozinheiro para o acampamento II pode melhorar muito a qualidade de sua experiência. Custo O custo médio de uma jornada totalmente guiada até o Everest a partir do lado sul custa US$ 65 mil. Uma escalada completamente guiada a partir do lado norte custa um pouco menos, cerca de US$ 40 mil em média. Este custo normalmente não inclui o equipamento pessoal, passagem aérea internacional ou seguro. Partindo do começo, o equipamento necessário custaria pelo menos US$ 8 mil. O cálculo fica próximo de US$ 15 mil com o acréscimo de itens como o laptop e a câmera digital. Sherpa 101 Muitas pessoas associam o termo "sherpa" (pronuncia-se "shar-wa") com o trabalho de carregador do Everest. Entretanto, sherpa na verdade significa "orientais" ou "pessoas do oeste" e refere-se aos clãs que vieram do Tibete e estabeleceram-se a oeste do Nepal a cerca de 500 anos. Tradicionalmente, o povo sherpa foi formado por agricultores e comerciantes, mas no início dos anos 20 foram contratados como carregadores para expedições montanhistas. Conhecidos pela sua dedicação ao trabalho e adaptação fisiológica superior a grandes altitudes, os sherpas se tornaram fundamentais para o sucesso das aventuras até o Everest e os escaladores os empregaram mais e mais como assistentes. Aproximadamente 30 mil sherpas moram no Nepal e cerca de 3 mil deles moram na região de Khumbu no lado sul do Everest. Desde os anos 50, o turismo se tornou a fonte dominante de emprego e renda na área. Muitos sherpas, bem como pessoas de outros grupos étnicos, trabalham como parte da indústria de alpinismo e turismo. Enquanto o povo sherpa mantém sua religião budista e muitas de suas práticas tradicionais, esta mudança na economia local e modos de vida significaram mudanças na cultura sherpa. Entre elas, há uma mudança de pensar que escalar a montanha seria uma blasfêmia, por considerar isto uma fonte de oportunidade econômica e orgulho. Os sherpas mantêm os recordes mais impressionantes do Everest, inclusive a maioria das chegadas ao topo por homens e mulheres, subida mais rápida, descida mais rápida, maior tempo gasto no topo e escalador mais jovem a alcançar o cume. Subida A maioria dos escaladores tenta escalar o Everest entre abril e maio. No inverno, as baixas temperaturas e os furacões tornam a escalada difícil. Entre junho e setembro, as monções de verão criam tempestades intensas e chuvas violentas. Ida e volta, a maioria das viagens ao topo do Everest leva cerca de dois meses e meio. Para uma aproximação do sul, os escaladores normalmente voam até Katmandu e passam vários dias comprando suprimentos e conseguindo vistos de viagem. De Katmandu, eles voam para Lukla e viajam por terra até o acampamento base, onde se preparam para a escalada. Até o acampamento base está situado a grande altitude, assim a jornada deve progredir gradualmente, geralmente levando uma ou duas semanas. Imagem cedida pela NASA As duas rotas até o Everest: passagem sul e passagem norte -Cordilheira Norte A rota sul foi tomada por Sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay e ainda é a rota usada mais freqüentemente. Passa pela traiçoeira cascata de gelo Khumbu e Western Cwm (pronuncia-se coom), sobe pela face Lhotse e pela passagem sul e Hillary Step até o cume. A rota da passagem norte é a segunda mais popular. É a escalada mais difícil tecnicamente e requer uma descida mais longa a grandes altitudes do que a rota sul, embora evita os perigos da cascata de gelo Khumbu. No total, há 15 diferentes rotas e variações de rotas até o pico do Everest. Subindo pelo sul, os escaladores usam cinco diferentes acampamentos à medida que se ajustam à altitude. O acampamento base está localizado a 5 364 m (17 600 pés). As temperaturas tendem a ser 1,5º C mais quentes do que o pico (que estão na faixa entre -17ºC a -3ºC no verão) a cada 150 m de altitude que se desce. Durante a estação de escalagem da primavera, o acampamento base abriga cerca de 300 pessoas, incluindo escaladores, sherpas, médicos, cientistas e outro pessoal de apoio. Imagem cedida por Sheila Kavanagh, Sete cumes Acampamento base com a cascata de gelo Khumbu ao fundo Imagem cedida por Alan Arnette A cascata de gelo Khumbu Do acampamento base, os escaladores devem passar pela cascata de gelo Khumbu. Eles podem apenas cruzar esta área com a ajuda de cordas e escadas. Mesmo com toda a segurança e precaução de segurança, essa parte é extremamente perigosa. Deslocamento de gelo, fendas profundas, gelo caindo e avalanches já mataram muitos escaladores e sherpas. Assim que passarem a cascata de gelo Khumbu, os escaladores chegam ao acampamento I a 6 065 m (19. 900 pés). A maioria dos alpinistas precisa percorrer a cascata de gelo Khumbu várias vezes à medida que se adaptam à altitude. Imagem cedida por Alan Arnette Escaladores usando cordas e escadas para transpor a cascata de gelo Khumbu Ir do acampamento I para o acampamento II a 6 492 m leva os escaladores a passar pelo vale glacial conhecido como Western Cwm. Surpreendentemente, o desafio principal do Western Cwm é o calor. A estrutura do vale indica que há pouco vento e a luz intensa do sol a tamanha altitude pode torná-lo desconfortavelmente quente. Imagem cedida por Alan Arnette Acampamento I no Western Cwm O próximo desafio é escalar a face Lhotse usando cordas fixas para atravessar uma íngreme parede de gelo e subir ao acampamento III a 7 470 m (24 500 pés). Os alpinistas também precisam usar cordas para passar pelo Geneva Spur para alcançar o acampamento IV. Imagem cedida por Alan Arnette A face Lhotse O acampamento IV, também conhecido como South Col ("Col" é uma palavra para desfiladeiro ou passagem) é o último maior acampamento antes que os alpinistas façam sua investida até o pico. Localizado a 7 925 m (26 mil pés) é a primeira noite que a maioria dos escaladores passa na zona da morte. Imagem cedida por Alan Arnette Cume Sul do Everest Do acampamento IV, os escaladores caminham até o The Balcony, a 8 440 m (27,700 pés). O The Balcony proporciona uma plataforma onde os alpinistas podem descansar. De lá eles prosseguem para a Cornice Traverse, uma fachada horizontal de neve e rochas que precisa ser escalada e finalmente até o Hillary Step, que é escalado com cordas fixas, de forma que apenas um escalador pode subir ou descer de cada vez. Neste ponto, a falta de oxigênio e o frio amortecem os reflexos e o julgamento dos escaladores, tornando o Hillary Step um dos mais desafiadores elementos da escalada. Imagem cedida por Michael Otis Cume Norte do Everest Do Hillary Step, os escaladores devem caminhar os últimos metros até alcançar o topo. Próximo dele há equipamentos científicos e de topografia, bandeiras de oração, garrafas de oxigênio descartadas e alguns itens menores e lembranças deixadas pelos escaladores. Do cume, você pode ver através do Tibetean Plateau, em direção aos outros picos do Himalaia de Cho Oyu, Makalu e Kanchenjunga. A grande parte dos alpinistas tira fotos e desfruta da vista de 360º antes de começar a descida. Como comprova a lista de mortes, descer em segurança é pelo menos tão perigoso quanto subir. Imagem cedida pela Michael Otis Tibete visto do cume Norte A maioria dos escaladores necessita de cerca de quatro dias para subir o Monte Everest do acampamento base. A subida mais rápida do lado norte foi feita por Hans Kammerlander da Itália e levou 16 horas e 45 minutos desde o acampamento base. A descida mais rápida do sul levou menos de 11 horas e foi conseguida por Lakba Gelu Sherpa. O sherpa Babu Chiri, que esteve no cume por 21 horas e meia, mantém o recorde do maior tempo passado no topo do Everest. Entretanto, as pessoas normalmente passam cerca de 1 hora no pico em média. Oxigênio suplementar Os primeiros pioneiros concluíram que chegar ao pico do Everest sem oxigênio suplementar seria impossível. Quando Edmund Hillary e Tenzing Norgay escalaram até o topo em 1953, eles utilizaram uma garrafa de oxigênio. Isto tornou-se a abordagem padrão e continuou a ser até 1978, quando Reinhold Messner e Peter Habeler alcançaram o cume sem oxigênio. Dois anos mais tarde, Messner realizou o mesmo feito sozinho, desta vez alcançando o pico do lado norte. Desde então, mais alpinistas, inclusive Ed Viesturs, têm escalado o Everest sem o oxigênio suplementar. Em seu livro, Into Thin Air",Jon Krakauer criticou a decisão de não usar o oxigênio engarrafado com medo de que se suas funções fossem prejudicadas e ele, seria menos capaz de ajudar os companheiros da sua equipe. Outros na comunidade montanhista discordaram, acreditando que alguns escaladores seriam capazes de operar adequadamente sem ele. Entretanto, muitos alpinistas ainda tomam a decisão de usar o oxigênio suplementar. O efeito Everest Impacto no Everest Após o sucesso da chegada ao pico em 1953, mais e mais alpinistas começaram a chegar ao Everest, com a intenção de imitar os primeiros escaladores. Esta inundação de visitantes trouxe uma entrada de dinheiro, bem como infra-estrutura para as comunidades Sherpa. Existem agora escolas, hospitais e lojas vendendo mercadorias ocidentais e comida. Com os visitantes veio um aumento no desmatamento por causa da lenha, assim como uma grande quantidade de lixo. Como muitas áreas alpinas, os Himalaias são ecologicamente frágeis. Centenas de alpinistas viajam a cada ano com esperança de chegar ao topo do Everest, mas uns 25 mil turistas também visitam a área. Hoje em dia, escaladores, cidadãos locais e o governo nepalês estão trabalhando para proteger o ambiente em volta do Everest. Imagem cedida por US Geological Survey Monte Everest no pôr-do-sol Em 1976, o Everest e arredores foram transformados no Sagarmatha National Park. Em 1979, a área foi considerada Patrimônio da Humanidade. Atualmente, a flora e a fauna no parque são protegidas e a exploração da madeira é proibida. Em 1998, uma equipe particular autodenominada Everest Environmental Expedition retirou 1,2 toneladas de dejetos do Everest, coletados principalmente em torno do acampamento base e acampamento II. Enquanto garrafas de plástico e garrafas de oxigênio vazias causam uma má aparência, baterias, cilindros de combustível usados e dejetos humanos apresentam um grande risco ambiental e a expedição concentrou seus esforços neste tipo de lixo. Outras expedições ambientais continuam no esforço de limpar o Everest. O governo nepalês agora exige um depósito de US$ 4 mil dos alpinistas, que é reembolsado se eles trouxerem de volta a mesma quantidade de equipamento e suprimentos que levaram. Impacto nos escaladores A tragédia de 1996 A tragédia mais famosa e mais mortal do Everest ocorreu em 1996, quando 8 pessoas morreram em um único dia. Uma combinação do mal-da-montanha, superpopulação do cume e tempestades inesperadas cooperaram para criar a crise. Muitas pessoas que haviam chegado ao topo foram incapazes de descer até um ponto seguro e conseqüentemente morreram de problemas relacionados com a altitude e sua exposição a ela. Entre os mortos estavam Rob Hall e Scott Fischer, ambos guias com muitos anos de experiência no Everest. A tragédia de 1996 é contada nos livros "Into Thin Air",de Jon Krakauer e "The Climb",de Anatoli Boukreev e Weston DeWalt. O Everest é um lugar extremamente hostil. As temperaturas no topo são normalmente de -36º C no inverno e podem cair para -60º C. As temperaturas sobem a uma média de -18º C durante a parte mais quente do verão e as tempestades das monções tornam o Everest insuperável durante este período. As correntes de ar açoitam o pico do Everest com a força de um furacão durante a maior parte do ano. Em abril e maio as correntes mudam, oferecendo um clima relativamente calmo, quando a maioria das escaladas acontece. As avalanches são uma ameaça constante e tiraram muitas vidas. Ventos violentos podem soprar inesperadamente, encurralando ou cegando os escaladores. Deslocamentos de geleiras podem ocorrer repentinamente, criando fendas profundas, freqüentemente cobertas por neve. A falta de oxigênio é um dos maiores desafios apresentados pelo Everest. Os níveis de oxigênio no pico é de apenas um terço do encontrado ao nível do mar. Seres humanos não podem sobreviver por um longo período de tempo em uma elevação acima de 8 mil metros, o que é conhecido no Everest como "zona da morte".Nessa altitude, o corpo humano é incapaz de se adaptar ao oxigênio rarefeito e começa a deteriorar. A maioria dos escaladores precisa usar oxigênio e tem dificuldade para dormir. Mesmo em altitudes moderadas, muitas pessoas têm dores de cabeça e diminuição do fôlego. Entretanto, se permaneceram a essa altitude, seu corpo irá compensar produzindo mais células vermelhas no sangue e todas as funções retornarão ao normal. Em altitudes mais altas, estes sintomas são extremos e podem incluir perda de apetite, enjôos, vômitos, tontura, irritabilidade e insônia. Quando o oxigênio é severamente limitado, o corpo irá compensar aumentando o fluxo sangüíneo até o cérebro. Em altitudes extremamente altas, o cérebro pode realmente inchar e os vasos sangüíneos podem arrebentar, resultando no edema cerebral das grandes altitudes, ou HACE. Quando isto acontece, o alpinista pode sentir-se desorientado, ter alucinações e até perder a consciência. Igualmente, o edema pulmonar das grandes altitudes, ou HAPE, ocorre quando fluidos acumulam-se nos pulmões. Isto produz uma redução no fôlego e pressão no peito, bem como tosse e escarro sangrento. Tanto o HACE como o HAPE são estados potencialmente fatais. A descida é o melhor tratamento e pode exigir a utilização de um helicóptero, já que muitos pacientes não podem descer por conta própria em tais condições. Se a descida não for possível, o mal-da-montanha é às vezes tratado com Diamox, uma droga que sinaliza ao cérebro para aumentar a respiração ou dexametasona, um esteróide que pode reduzir o inchaço temporariamente. Se disponível, o paciente pode ser colocado em uma bolsa Gamow, que é uma bolsa portátil de alta pressão que aumenta a tensão do oxigênio e pode estabilizar o paciente. É claro, é muito melhor evitar o mal da altitude do que ter que tratá-lo. Esta é a razão porque os escaladores do Everest geralmente fazem várias viagens subindo e descendo de acampamentos a altitudes cada vez maiores, para adaptar seus corpos às condições das grandes altitudes. Outros riscos para os alpinistas incluem a ulceração pelo frio e a hipotermia causadas pelas temperaturas extremas, a trombose ou embolismo causada pelo afinamento do sangue em resposta à grande altitude, queimaduras extremas e ossos quebrados devido a quedas. Freqüentemente, uma combinação de forças naturais e fisiologia humana produz conseqüências letais para os montanhistas do Everest. Os futuros alpinistas do Everest treinam de várias maneiras. Natação, corrida, ciclismo, levantamento de peso e escalada são excelentes maneiras de melhorar a condição física. Resistência, perseverança e força são necessárias. Antecipando a perda de peso no Everest, a maioria dos candidatos tenta ganhar um pouco de peso antes da viagem. Embora o Everest não requeira as habilidades técnicas de algumas montanhas mais baixas, uma fundamentação minuciosa das técnicas de escalada é importante antes da tentativa. Em razão das condições extremas e da natureza imprevisível do Everest, mesmo os montanhistas mais experientes podem ter problemas. Imagem cedida por Sheila Kavanagh, Sete cumes Um memorial sherpa de pedras com bandeiras de oração Hoje mais pessoas estão tentando escalar o Monte Everest, mas apenas um em cada quatro alcançam êxito. Existe uma estimativa de 120 corpos ainda no Everest; ainda que muitos tenham sido respeitosamente realocados, é muito difícil e perigoso tentar remover todos. Conhecendo o custo, o risco e o desconforto, por que as pessoas escalam o Everest? No começo do século 20, quando George Mallory estava planejando sua expedição, exploradores alcançaram os pólos norte e sul e havia uma paixão por descobrir novas fronteiras. O Everest, o chamado "terceiro pólo",representa um novo e interessante desafio. Embora mais pessoas estejam escalando o Everest, nenhum equipamento moderno ou conhecimento profissional pode eliminar o desafio ou as dificuldades inerentes. Pagar uma viagem guiada não garante o sucesso, tampouco a experiência extensiva elimina o risco. Escalar o Monte Everest permanece, até o dia de hoje, um amedrontador e formidável desafio que continua a estender os limites da resistência e força de vontade humanas. Para aqueles que não se contentam em simplesmente escalar o Monte Everest, existem outros desafios disponíveis. O Everest é um dos sete cumes, o ponto mais alto de cada um dos sete continentes. Mais de 164 pessoas estão na lista dos que alcançaram os sete cumes. Se a altitude super alta é sua paixão, você pode juntar-se a uma elite de 12 pessoas que escalaram todos os 14 picos mundiais acima dos 8 mil metros.

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