quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Questões Para o Futuro


Diversos pontos podem ser levantados para se discutir o futuro do monte Everest: Como manter um equilíbrio num ambiente tão frágil quanto uma montanha? Como administrar a presença de quase duas mil pessoas por temporada apenas na região do Everest? Como organizar logisticamente empresas comerciais que não têm a higiene e a limpeza como prioridade? O que fazer com escadas de alumínio, milhares de metros de cordas, restos de comida e dejetos humanos deixados ao longo de toda a montanha ano após ano?

Dar respostas a perguntas como estas é tão complicado como a própria realização de uma escalada. Urgem soluções para que seja mantida a beleza de uma escalada. Que valor terá então chegar ao topo do Everest, sabendo que para alcançá-lo foi preciso passar por cima de tanto lixo e destruição?

Até hoje cerca de 85 pessoas, das aproximadamente 2.200 que chegaram ao topo do Everest, não utilizaram oxigênio artificial. Isso prova que, com boa adaptação à altitude e bom preparo físico e psicológico, é humanamente possível vencer esse desafio mesmo com o ar rarefeito.

A “ética do oxigênio” é uma questão em aberto. Vários escaladores argumentam que usar oxigênio artificial significa rebaixar a montanha ao nível do atleta. Sendo que se deveria estimular o alpinista a melhorar seu desempenho em altitude. Em contrapartida, outros escaladores sugerem que utilizar oxigênio engarrafado é um artifício como o uso de cordas, barracas e outros equipamentos. Sob esse ponto de vista, o oxigênio seria apenas mais um item da mochila do alpinista.

O uso de oxigênio artificial tem causado uma poluição “colorida” no gelo. Várias expedições já foram realizadas, apenas com o propósito de se retirar algumas das centenas de garrafas amarelas, laranjas ou azuis, das encostas geladas do Everest e de seus vizinhos mais famosos.

Há pouco tempo, o Governo do Nepal pagou 15 dólares para cada garrafa trazida da montanha.
Uma outra questão polêmica é a quantidade de alpinistas na montanha. Talvez uma das causas do grande número de acidentes nos últimos dez anos no Everest.

Expedições comerciais levam qualquer pessoa que possa desembolsar uma boa quantia de dinheiro para tentar a sorte entre as enormes gretas, avalanches e tempestades da montanha, movida pelo desejo de levar o nome de sua cidade para o topo do mundo. O alpinismo é um esporte técnico de alto nível e não uma aventura de férias. É fundamental também que cada expedição tenha seu próprio dia para atacar o cume, evitando assim filas e congestionamentos em lugares expostos e estratégicos da escalada.
Colocar na mesma expedição alpinistas preparados e experientes com meros amadores de paisagens montanhísticas é um erro imperdoável. E no caso das expedições comerciais, os guias são responsáveis pela vida dos clientes. O melhor exemplo que temos disso é a tragédia de 1996, onde dois guias experimentados morreram por seus clientes. Em suma, é necessária uma seleção para averiguar quem demonstra condições de encarar um desafio de tamanha magnitude.
Todos os alpinistas têm o direito legítimo de escalar o Everest, ou qualquer montanha que seja, mas com a consciência de que se trabalhou para tanto. É hora de pôr em prática a tão comentada filosofia do “degrau após degrau”, quer dizer, várias montanhas pequenas levam a montanhas médias, que levam às maiores e mais difíceis.
Curisosidades
- Nos três lados do Everest (o leste, o sul e o norte), existem mais de 13 rotas e diversas variantes para escalá-lo.
- O local que mais mata no Everest é a Cascata de Gelo do Glaciar Khumbu (Face Sul). As causas mais freqüentes são avalanches de gelo ou de pedras, quedas em abismos e gretas, frio e exaustão.
- A primeira mulher a escalar o Everest foi a japonesa Junko Tabei, em 16 de maio de 1975.
- A expedição de maior êxito foi liderada pelo norte-americano James Whittaker. A expedição, chamada Mount Everest International Peace Climb era composta por norte-americanos, soviéticos e chineses, e conseguiu colocar 20 pessoas no pico, entre 7 e 10 de maio de 1990.
- Em 10 de maio de 1993, 40 alpinistas (32 homens e 8 mulheres) da Austrália, Canadá, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Rússia, Nova Zelândia, Finlândia, Lituânia, Índia e Nepal atingiram o pico, vindo de nove expedições diferentes.
- George Mallory usava botas de couro com pregos na sola e sete camadas de roupa de lã.
- Foram encontrados junto ao seu corpo lenços monografados com as iniciais G.L.M. (George Leigh Mallory).

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